user_mobilelogo

small spapsmall bttsmall canyoningsmall escaladasmall espeleosmall montanhismosmall snowboard skismall trekking

Plataforma colaborativa de recolha de dados ambientais

 

 

tornar membro arcm

Siga-nos no

 

facebook

 

instagram

ERASMUS +

 

LOGOS erasmus web

Data atividade: 10, 11, 12, 13, 14 Junho 2015

Cavidade: Sistema del Gándara

Localização: Soba – Cantábria – Espanha

Objectivo: Esta atividade surge no seguimento de saídas anteriores a cavidades fora de Portugal e com características diferentes das cavidades portuguesas. O Projeto “Mais Além” partiu de três associados do ARCM (António Afonso, José Silva, Nuno Rodrigues) e pretende proporcionar aos espeleólogos do clube novas experiências aumentando também o grau de exigência e dificuldade.

Esta foi a primeira saída inserida neste Projeto e certamente mais serão realizadas criando sempre novos desafios aos espeleólogos do clube.

Equipa: 8 elementos - António Afonso (N3), Beatriz Silva (N3), Julio Portela (N2), Luís Sousa (N2), Nuno Rodrigues (N2), Patrícia Silva (N2), Vítor Gandra (N3), Vítor Rebelo (N2).

Todos os espeleólogos que participaram nesta atividade são federados na FPE - Federação Portuguesa de Espeleologia com a respectiva formação espeleológica e seguro em vigor.

 

Resumo sobre o Sistema del Gándara: Depois das primeiras explorações do Spéléo-Club de Dijon na Cueva del Rio Chico em 1961, um longo caminho foi percorrido para o que hoje se conhecesse do Sistema del Gándara. Só em 2001 é que foi encontrada uma entrada mais acessível (à cota de 721m) a esta rede subterrânea de galerias com cerca de 116km de desenvolvimento estando ainda a ser desenvolvidos trabalhos de exploração.

Este sistema tem aproximadamente 6km de extensão (distância em linha reta entre duas extremidades), ou seja, entre a entrada da Cueva de los Calígrafos e a exsurgência do coletor do Rio Chico. Fazendo a relação do desenvolvimento com a extenção obtemos um rácio de 18km de desenvolvimento por cada km de extensão. Esta relação não é constante no seu todo e o sistema deverá ser analisado de forma global, nos diferentes níveis de galerias, para que se compreenda a sua volumetria e complexidade.

Sistema del Gándara

Topografia do Sistema del Gándara

Este sistema está muito próximo de outros igualmente significativos e comparáveis em termos de dimensão e complexidade. Temos o Ojo Guareña (extensão: 6.3km, desenvolvimento: 110km, rácio por km de 17.5km), o Alto de Tejuelo (extensão: 5.2km, desenvolvimento: 118km, rácio por km de 22.7km). Existem outras cavidades próximas mas com “envergadura” diferente como são os casos da Cueva del Valle (extensão: 7km, desenvolvimento: 61km) e o Sistema de Mortillano (extensão: 4km, desenvolvimento: 130km).

A rede do Sistema del Gándara tem um desnível de 814m embora possa ser considerada como uma cavidade de progressão suave pois é possível percorrermos entre os dois pontos de extensão (Cueva de los Calígrafos e a exsurgência do Rio Chico) sem recorrermos a descidas técnicas (poços). Os poços principais estão situados nos pontos mais altos do sistema e correspondem à antiga entrada (P165 da Torca la Sima) e um poço de drenagem de águas para as galerias inferiores (P100) e os Puits de Zan Brun (P70).

Para além da enorme e complexa rede de galerias, este sistema tem também os chamados grandes espaços. Podemos observar a Sala de los Ciclopes que se situa na Galeria del Rio Chico com 120m x 70m e temos também a emblemática Salle Angel com 80m x 70m. Esta sala está relacionada estratigraficamente com a confluência (através de fraturas) das águas dos níveis superiores provenientes da Sala Toucan com 50m x 90m.

A nível hidrológico, a exsurgência do Sistema del Gándara é sem dúvida a mais inportante da região com um caudal superior a 600Lt/s. Na parte inferior da rede (através da Cueva del Rio Chico), é possível seguir o coletor desde a exsurgência até às galerias inferiores do Sistema. Este percurso com cerca de 1km vai ligar a uma pequena rede de afluentes, sendo que o mais importante é o da Cueva de los Santos. Podemos observar a ligação das duas cavidades através de dois rios distintos, o Rio Oeste (drena grande parte da rede atualmente conhecida como Rio Viscoso e Rio en Calma - cerca de 60Lt/s) e o Rio del Sur que é sem dúvida o mais significativo com um caudal de 560Lt/s.

Informação retirada do Boletin N. 10 SEDECK / Año 2014 / Sociedad Española de Espeleologia y Ciências del Karst

 

Atividade: Segue um breve resumo dos dias referentes à atividade.

Dia 10 – Chegados ao ponto de encontro em Santelices ao final da tarde onde os dois carros que partiram de Valongo encontraram-se com o outro carro que partiu de Torres Vedras/Caldas da Rainha. Depois de nos instalarmos no abrigo do Grupo de Espeleológico de Merindades, jantamos e tratamos dos últimos pormenores da atividade, desde a análise dos mapas topográficos, distribuição do equipamento coletivo e preparação dos kit bag’s.

Dia 11 – Alvorada foi às 8h00. Tomamos o pequeno-almoço e tratamos dos últimos acondicionamentos nos kit bag’s. Partimos em direção à cavidade a cerca de 40km do abrigo. Dos três carros, dois ficaram estacionados na povoação de La Gándara enquanto que o terceiro ficou no parque de estacionamento junto à cavidade.

A entrada da equipa na cavidade foi às 10h40. Embora dois dos elementos já tenham visitado algumas vezes esta cavidade e contrariamente ao estipulado nos dias anteriores, o grupo não foi dividido dada à dimensão do sistema. Depois de entrarmos e ainda muito perto da entrada, dois elementos (António Afonso e Julio Portela) equiparam e exploraram dentro do tempo estipulado o sistema de galerias inferiores junto ao corrimão da Galeríe des Alizés. Esta descida com cerca de 40mt de profundidade deu acesso ao um enorme complexo de galerias, quer em termos de tamanho quer em termos de complexidade. Como resultado desta equipagem, concluiu-se que, numa próxima saída para este complexo, se deva explorar este nível de galerias. A restante equipa visitou outros locais por perto, nomeadamente Le “Jacousi”, a sala de acesso ao El Delator e aproveitaram e captaram várias fotografias dignas de registo. Depois da equipa estar toda reunida retomamos novamente o caminho para a zona do bivaque. Paramos nalguns pontos “emblemáticos” como a Salle Angel para mais algumas fotografias.

A chegada ao bivaque (cota 633m) deu-se por volta das 20h30. Depois de um breve descanso, quatro elementos preparavam o bivaque, os restantes foram providenciar água para toda a equipa para todos os dias. António Afonso, Beatriz Silva, Luís Sousa e Vítor Gandra partiram do acampamento por volta das 21h00 e só regressaram às 23h45 com 35Lt de água. Para a captação desta água a equipa teve que equipar uma descida com aproximadamente 40mt de forma a acederem ao nível freático do Rio en Calma. Chegados ao acampamento, preparou-se o jantar enquanto que alguns elementos da equipa do bivaque já “descansavam profundamente”. Foi registada a temperatura ambiente de 7ºC, temperatura esta que foi constante na zona do bivaque durante toda a “estadia”.

Dia 12 – Depois de um merecido descanso, saímos do bivaque por volta das 11h30 em direção às galerias inferiores do Rio Viscoso à cota de 605m. Para este dia tinha como objectivo explorar o sistema de galerias inferiores do Rio Viscoso. Depois de percorrermos algumas galerias e de descer um P10 e um P40 chegamos às galerias do Rio onde se confirmou o nome atribuído, pois é uma zona bastante enlameada. Nestas galerias do Rio Viscoso o nível das águas pode variar 20mt consoante a época do ano. Nesta galeria pouco se explorou pois o acesso estava impedido por galerias com água. Para podemos continuar a progressão teríamos que nos molhar e isso era algo que não podíamos fazer pois tínhamos mais um dia pela frente dentro da cavidade e sem roupa apropriada para mudar. Posto isto, recuamos e fomos visitar o Puits du Zan Brun e a sua imponente queda de água. Todo o percurso para o Puits de Zan Brun foi horizontal num magnífico meandro onde se aproveitou também para tirar umas belas fotografias. A chegada ao bivaque foi por volta das 20h30 onde se preparou o jantar e descansamos para o regresso ao exterior no dia seguinte.

Dia 13 – A alvorada foi por volta das 8h30. Depois do pequeno-almoço tomado, arrumamos todo o equipamento do bivaque e o respectivo local (local habitualmente usado em explorações). Foram deixados alguns recursos de reserva (nomeadamente uma botija de gás) para as explorações seguintes pois este bivaque é usado regularmente. Por volta das 11h00 o grupo foi dividido para que a progressão (nomeadamente a vertical) pudesse ser agilizada. Vinte minutos depois parte o segundo grupo.

As equipas avistaram-se na Salle Angel (nos extremos da sala) e depois encontraram-se na sequência de poços (P11, P44, P4). Às 16h30 a segunda equipa chega ao exterior encontrando-se com os restantes colegas.

Depois de alguns “matarem a traça” do tabaco e de nos desequiparmos e arrumarmos tudo, fomos ao café perto do abrigo para “tirarmos a barriga de miséria” e ingerir umas cañas e uns bocadillos. Depois fomos para o abrigo onde tomamos um merecido banho e onde nos foi servido um belo jantar preparado pelo nosso amigo do Grupo de Espeleológico de Merindades, o Chuchi e sua esposa (não faltou o merecido e prometido frango). Por volta das 23h30 fomos descansar.

Dia 14 – A alvorada foi por volta das 9h00. Depois de arrumarmos o abrigo e de aconsicionarmos tudo nos carros fomos até Puentedey para apreciarmos a sua ponte natural e as casas típicas assim como tomarmos um café antes de iniciarmos a viagem de regresso. Às 11h00 partimos rumo a Portugal. A chegada a Valongo foi por volta das 18h00 e o carro com destino a Caldas da Rainha/Torres Vedra chegou por volta das 19h30.

De salientar que na viagem de regresso a casa, mesmo antes de entrarmos na autovia A-67, todos os carros foram multados por excesso de velocidade pois o limite era de 50km/h e dois dos carros passaram a 75Km/h e o outro a 83Km/h. Só dois dos carros foram mandados parar pelas autoridades e os mesmos tiveram de pagar as multas. Como foram pagas na hora, tivemos um “desconto” de 50% ficando os valores nos 200,00€ + 150,00€. O outro carro aguarda “ansiosamente” pela multa em casa (mais 150,00€). Os valores das multas foram divididos por todos.

 

Equipamento técnico: Todos os espeleólogos foram devidamente equipados com o equipamento individual. Em termos de equipamento coletivo foram levados dois cabos (50mt + 60mt) de 9.5mm, berbequim, burilador, pernos M8, spits M8, palquetes M8, mosquetões, fitas, martelo, chaves 13. Foram equipadas duas novas descidas (uma no corrimão da Galeríe des Alizés e outra para acesso à água no Rio em Calma) e foram reforçadas alguns pontos das equipagens já exixtentes criando assim um segundo ponto de amarração.

 

Conclusão: A atividade realizada neste Projeto foi a primeira de muitas que se irão realizar no ARCM. Estava muito bem organizada e preparada resultando no óbvio sucesso da mesma. No final da atividade, a equipa reuniu-se para falarem e darem o feedback sobre a atividade. Todos demonstraram que foi uma saída excelente e garantidamente a repetir. Foram registados alguns pontos de melhoria no que diz respeito ao numero de participantes e eventual divisão em grupos e aos objectivos da(s) equipa(s) dentro da cavidade evitando deste modo tempos de espera excessivos.

 

Repostar: Ausente/Presente: Ausência de qualquer acidente ou incidente durante a atividade. Registo das multas por excesso de velocidade…

 

Registo fotográfico pode ser visto aqui

 

Relatório realizado por Vítor Gandra