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Relatório da atividade escrito pelo associado Valdemar Freitas

Data: 30 de Julho de 2016

Participantes: Cristina Garrido (monitora), Beatriz Silva (monitora), Cristóvão Cardoso (monitor), Ana Araújo, Fátima Dias, Fernando Cardoso, Lino Santos, Luís Sousa, Luís Teixeira, Vítor Ribeiro e Valdemar Freitas

Vamos começar pelo fim.

No briefing final, diz a Cristina Garrido, com a atenção de todos os participantes, “Valdemar, posso-te pedir para seres tu a contar o que se passou neste canyoning (rio Teixeira)?

E aqui estou eu, como o único estreante desse dia, nisto de descer cascatas de água em rapel, a ter de vos contar a minha experiência e a aventura de todos nós.

Já tinha experimentado descidas em rapel mas sempre a seco, umas 3 a 4 vezes, sempre nas Fragas do Castelo, em Valongo, a primeira no Curso de Montanhismo e as restantes, numa actividade do ARCM, em que também fiz escalada Top para umas filmagens que iam ser incluídas num filme a passar na Expoval, filme esse que infelizmente nunca tive o prazer de ver.

E,com mais uma ou outra vez em que fiz escalada top nas Fragas do Castelo e do Queijo e em que desci um poço de 14m, com técnicas de espeleologia, teste como cobaia para validar tempos para o Challenger de 2015, a minha experiência com cordas, oitos, mosquetões e longes, fica por aqui mesmo e pode-se dizer que, se não sou iniciante, pouco mais sou do que isso, pois todas essas experiências, foram sempre afastadas no tempo, meses senão anos, sem a continuidade prática que a meu ver, dá estaleca e segurança, nesta coisa de aventuras radicais.

Não tenho problemas de vertigens e as alturas não me afectam, desde que me sinta bem, em segurança melhor dizendo e também não tenho nem nunca tive problemas com a água e até é no meio aquático que me sinto muito bem, ou não fosse eu um ex-marinheiro e aquariano, mas quem me conhece bem, sabe que sou muito ansioso e que gosto muito de saber ao que vou.

Sendo assim, nas vésperas da actividade fui-me inteirando na Net, do que era verdadeiramente o canyoning, das técnicas de rapel usadas, li que há o rapel positivo, o negativo, o guiado e as diferenças entre eles, como se usa o oito e a piranha e como a corda passa de várias formas por esses acessórios, de forma a ser mais lenta ou rápida a descida e, ainda vi dois pequenos filmes de outras experiências de canyoning feitas no Teixeira.

Mas, melhor que ler, ouvir ou ver experiências de outros é termos nós próprios, a nossa aventura desfrutando com muita adrenalina os momentos mais arrojados e relaxar com divertimento e alegria, nos momentos em que o podemos e devemos fazer e é disso, sem mais demoras, o que vos vou contar.

Em todas as actividades há sempre a logística prévia e esta não podia ser excepção e a de grupo começou com uma reunião na sede na quinta-feira anterior, onde se distribuiu algum equipamento do clube e se combinou a distribuição dos participantes pelos carros, locais de encontro e horas de partida.

No que toca a equipamento individual e no que a mim se refere, para além dos EPI que o clube me emprestou, tinha também de alugar o fato e os botins, que levantei na véspera e experimentei pela primeiríssima vez à noite, e que, com o calor que sentia em casa, quase que abafava com tal compressão.

Chegou sábado e a expectativa de uma nova experiência, pôs-me fora da cama às seis da manhã para de mochilas às costas ir ao encontro de outros aventureiros e abalarmos rumo a São João da Serra, no concelho de Oliveira de Frades, onde após um longo estradão de terra, se nos apresenta o placard informativo das Cascatas do Rio Teixeira e onde fizemos um primeiro briefing e nos equipamos, quase na totalidade, com os fatos meios vestidos, face ao calor que já se fazia sentir.

Após uma curta caminhada por um trilho paralelo à levada do rio Teixeirae a passagem de um pequeno túnel, iniciamos a descida em direcção ao rio e fizemos a primeira progressão nas águas do Teixeira até uma rocha plana, onde nos equipamos completamente e onde se fizeram as últimas verificações de segurança.

Já com a primeira cascata por perto, ficamos, os menos experientes e eu, o único estreante, a aguardar em segurança enquanto a monitora e outros elementos mais experientes faziam as primeiras montagens, usando duas vias, para se descer os 25 metros desta cascata.

Descem os primeiros, os que vão fazer segurança já em baixo e depois um a um, usando as duas vias, lá vamos descendo pela ordem que a Cristina vai indicando, até que chega a minha vez, calhando-me a via mais à direita, com menos água no início, talvez por ser o maçarico do dia e ser melhor começar a seco para evitar algumas escorregadelas iniciais, já que até o meu calçado não era o mais apropriado para o canyoning.

Vencer esta primeira cascata foi para mim uma pequena vitória, que nada tem a haver com qualquer tipo de competição em relação a isto ou aquilo, mas tão somente uma vitória contra a minha ansiedade e receios de quem faz uma actividade pela primeira vez.

Para primeira vez, penso que correu melhor que as piores expectativas, mas só quem está a assistir e a fazer segurança é que o pode dizer, pela minha parte, fiquei mais descansado e já desejava progredir e ir conhecer a segunda cascata, a mais alta do rio.

Ainda não tínhamos acabado todos de descer a primeira e já outro grupo se aproximava da cascata. Combinamos com eles que na cascata seguinte iriamos usar apenas uma das vias, de forma a que pudéssemos avançar juntos, caso isso viesse a acontecer e eles nos viessem a apanhar, o que não chegou a acontecer, em toda a descida do rio.

Este rio, segundo me disseram, é talvez, juntamente com o Frades inferior, o rio mais concorrido e usado por empresas de fins turísticos e que promovem actividades radicais deste tipo e por isso, em alguns fins-de-semana, chega a haver muita confusão e tempos de espera longos, para se puder usar as vias montadas para o efeito. Por este facto o ponto de encontro ter sido tão cedo para podermos ser os primeiros no rio, como aconteceu.

Já com todos em baixo, recuperou-se a corda e seguimos, progredindo com cuidado até à segunda cascata.

A progressão a pé, pelo leito rochoso do rio, tem zonas mais acessíveis e onde nos deslocamos mais facilmente, mas tem outras onde a transposição de rochas mais ingremes, nos obriga a baixar ou mesmo sentar, facilitando assim o avanço, pois a posição de equilíbrio e o centro de gravidade do nosso corpo, ficam também eles mais baixos, evitando assim quedas maiores e sobretudo lesões nas pernas, joelhos, tornozelos e braços, que acabam por ser mais frequentes na progressão, do que nas descidas em rapel.

E eis-nos na segunda cascata, 35 metros que temos de descer, usando desta vez apenas uma via, mas com um fracionamento num pequeno patamar, a mais de metade da altura total e aonde chegávamos e tínhamos de mudar de corda, fazendo-o sempre com as seguranças que tem de ser feitas, usando as longes para nos auto-segurarmos, enquanto esperamos que se ouçam os 2 apitos que indicam corda livre e pronta para nova descida.

E uma vez mais, um a um, sempre pela ordem indicada pelo monitor no rapel, descemos esta cascata até nos juntarmos todos para um breve descanso, onde se comeu e bebeu o que levávamos nos bidões e tiramos as primeiras fotos de grupo, com a bandeira do ARCM.

Senti-me, como é normal, já muito mais à vontade nesta descida, já com uma grande parte da descida levando com água em cima e só tenho imensa pena de não ter comigo uma máquina fotográfica à prova de água, para registar tão belas paisagens e momentos que nunca irei esquecer.

Levava comigo uma máquina, mas logo na primeira descida e após um breve mergulho numa pequena lagoa, ficou inutilizada para todo o fim-de-semana, pelo que fotos, só as de quem já ia prevenido com tal tipo de máquinas.

O tempo passa a correr e com tanta adrenalina, nem nos apercebemos que já estamos bem na hora do almoço e então, uns à sombra e outros ao sol, resolvemos parar para “almoçar”, desta vez as sandocas, as barritas, a fruta e outras pequenas iguarias, que bem-acondicionadas, transportávamos nos bidões à prova de água.

Tínhamos pela frente, segundo quem já conhecia este rio apenas mais um pequeno rapel que termina na maior lagoa de todo o percurso e na progressão até lá, a possibilidade de uns saltos de maior ou menor altura, melhor dizendo, de maior ou menor coragem para os efectuar.

Os mais corajosos saltaram de bem alto, talvez no maior dos casos de uns bons 15 metros, mas eu fiquei-me por 3 saltos, todos eles entre os três e os quatro metros, prometendo para uma próxima arriscar um pouco mais.

O que é bom também acaba depressa e a última descida de rapel, teve dois níveis, um primeiro que descemos agarrados à corda sem o oito, para uma pequena lagoa intermédia e o segundo já em rapel, para a grande lagoa final, em cujas águas terminei o meu primeiro canyoning.

Faltava o banho, o lavar dos equipamentos e a caminhada final, sempre, sempre a subir até aos carros, debaixo de um sol quente e depois a ida para o parque de campismo do Merujal, onde alguns iriam acampar, para o segundo dia de canyoning.

Sim, isso mesmo, para o segundo dia, tão bom ou melhor do que este, com novas técnicas, como passagem em corrimão e um surpreendente tobogan vertical de pelo menos uns 4 metros (“vira-te de costas e larga as cordas”).

Mas esses momentos e toda a restante história do segundo dia, fica para contar por outro estreante, o Luís Moutinho, umas dezenas de anos mais novo do que eu, que se portou lindamente e que bem merece contar a sua aventura no rio Frades inferior.

Eu pela minha parte, fico por aqui, dizendo-vos que adorei esta maravilhosa experiência e cheio de vontade de a repetir, num outro rio de preferência, talvez no Carcerelha ou Ave, que penso serem também eles à minha “medida”, esperando que adorem o que acabo de vos contar.

FOTOGRAFIAS - VALDEMAR FREITAS - AQUI

FOTOGRAFIAS - VÍTOR RIBEIRO - AQUI